segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nuvens brilhantes revelam que a atmosfera está intimamente ligada de um pólo ao outro

Bem alto no céu, perto dos pólos a cerca de 80 Km de altitude, por vezes surgem nuvens azul-prateadas, brilhando à noite. Observadas pela primeira vez em 1885, essas nuvens são conhecidas como noctilucentes e são pesquisadas há mais de um século.

Imagem composta da cobertura de nuvens noctilucentes sobre o Pólo Su,l em 31 de Dezembro de 2009. A temporada de nuvens de 2009 começou um mês da temporada de 2010 - Crédito: NASA HU / VT / LASP CU

Desde 2007, uma missão da NASA, denominada Aeronomia do Gelo na Mesosfera (AIM), mostrou que a formação das nuvens muda todos os anos, um processo que os cientistas acreditam estar intimamente ligado ao tempo e ao clima mundial.
Para Charles Jackman, um cientista atmosférico no NASA Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Maryland, e cientista do projeto de AIM da NASA, "A formação das nuvens exige água e temperaturas extremamente baixas". "A temperatura acaba sendo um dos factores primordiais envolvidos quando as nuvens aparecem".
Assim, o aspecto das nuvens noctilucentes, também conhecidas como nuvens polares mesosféricas ou PMCs já que ocorrem na mesosfera, pode fornecer informações sobre a temperatura e outras características da atmosfera.

Nuvens noctilucentes sobre o pântano de Kuresoo, em Viljandimaa, Estónia - Fonte: wikipédia

Desde que estas nuvens foram descobertas, os investigadores têm aprendido muito sobre elas. Sabe-se que brilham porque estando altas reflectem a luz solar por cima do horizonte. São formadas por cristais de gelo de água, provavelmente criados à volta de poeira de meteoros. E só aparecem no verão.
Os investigadores AIM também acreditam que há uma ligação entre os padrões atmosféricos no norte e sul. A ascensão de ar polar a cada verão que contribui para a formação de nuvens noctilucentes é parte de um ciclo de grande circulação que trafega entre os dois pólos. Assim, o vento no hemisfério norte parece estar a influenciar a circulação no sul.
As primeiras pistas que os ventos nos pólos norte e sul estavam ligados surgiram em 2002 e 2003, quando os pesquisadores notaram que, apesar de um clima calmo nas regiões baixas da atmosfera junto ao pólo sul no verão, nas altitudes mais elevadas havia grande variabilidade.
As imagens detalhadas do AIM mostram que existe um intervalo de 3 a 10 dias entre eventos na baixa atmosfera do norte e na alta atmosfera do sul. Por outro lado, a baixa atmosfera no pólo sul tem pouca variabilidade, e por isso a atmosfera superior, onde as nuvens se formam no pólo Norte, permanece bastante constante.
Para James Russell, cientista atmosférico da Universidade de Hampton, na Virgínia, e investigador principal da AIM, "A importância real de tudo isso não é apenas que os eventos climáticos que acontecem onde vivemos podem afectar as nuvens 80 km acima, mas que toda a atmosfera, de um pólo ao outro, está bastante intimamente ligada".
Fonte: NASA

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