domingo, 26 de junho de 2011

De momento, Serengueti está a salvo

Elefantes no Parque Natural do Serengeti - Fonte: wikipédia

O governo de Tanzânia acaba de anunciar que desistiu de construir a estrada asfaltada que dividiria o Serengueti em duas partes e iria prejudicar bastante, ou mesmo impedir a migração de cerca de 1,2 milhões de gnus, 200 mil zebras e meio milhão de gazelas. Além disso, esta estrada facilitaria a caça furtiva ao próprio Parque Natural do Serengueti e também na Reserva de Masai Mara, no Quénia, pondo em perigo a sobrevivência de cerca de 3.000 leões da região, cerca de 10% da população mundial da espécie, e de mais 50 rinocerontes negros, de cuja espécie restam apenas 3.500 indivíduos em liberdade.
O projecto de construção da estrada não teve apoio a nível internacional. Os Estados Unidos manifestaram a sua oposição através da secretária de Estado, Hillary Clinton, na sua visita à Tanzânia a semana passada.
Também a Alemanha rejeitou o projecto, tendo oferecido o financiamento necessário para a construção de uma rede de estradas locais sem interferir com o Parque do Serehgueti. Por sua vez, o Banco Mundial propôs, embora não de forma pública, conseguir os fundos para uma estrada ao norte de Masai Mara que, embora fosse interromper outras migrações de gnus, não afectaria a grande migração do Serengueti.
A construção da estrada não tinha, igualmente, a aprovação do governo do Quénia, pois iria deixar sem animais a Reserva Masai Mara mais visitada do país e uma das principais fontes de divisas.

Leões em Masai Mara - Fonte: wikipédia

De acordo com um novo projecto do governo da Tanzânia, serão construídas estradas até quase à orla do Serengeti, uma a oriente e outra a ocidente. Os dois troços serão ligados por uma estrada, não asfaltada, onde não circulará tráfico comercial ou de carros ligeiros, sendo controlada pela Autoridade Nacional de Parques Nacionais da Tanzânia (TANAPA, sigla em inglês).
O projecto salva o Serengueti, embora também traga riscos para a biodiversidade da região. A grande migração não acontece apenas dentro do parque. Os gnus passam 40% do tempo fora das áreas protegidas, mais acessíveis com as estradas. Estima-se que são mortos, cada ano, entre 40.000 e 100.000 animsis no ecossistema Mara Serengeti.
A caça furtiva deve-se principalmente à pobreza da região. Muitas vezes os animais selvagens são a única fonte de carne dos habitantes das zonas rurais do Quénia e da Tanzânia, embora nestas regiões a caça também possa ser uma questão cultural.
No novo projecto, a via de comunicação que atravessa a região de Loliondo, a leste do Seringeti, pode ter um impacto ambiental significativo, pois vai permitir a exploração da soda cáustica do Lago Natrón, que é na prática o último ponto de nidificação dos flamingos-anões (flamingos Lesser) do Este de África, aonde chegam todos os anos milhões destas aves.

Em África , onde eles são mais numerosos, os flamingos Lesser (Phoenicopterus minor) nidificam principalmente no Lago Natron , altamente cáustico, no norte da Tanzânia, e que a nova estrada pode ajudar a destruir - Fonte: wikipédia

As novas estradas ainda não têm, também, o consenso das comunidades locais. Enquanto alguns líderes apoiam, outros são contra e denunciam favores políticos, subornos e até ameaças.
Fonte: El Mundo.es

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