quarta-feira, 22 de junho de 2011

Os jactos de Enceladus podem vir de um oceano de água líquida salgada no interior da lua, revelou a sonda Cassini

A sonda Cassini descobriu a melhor evidência, até agora, de um grande reservatório de água salgada sob a crosta gelada de Enceladus, lua de Saturno. Os dados resultaram de análise directa, feita pela sonda, dos grãos de gelo ricos em sal, perto de jactos recém-expelidos pela lua.

Jactos grandes e pequenaos expelem água gelada para fora, em muitos locais ao longo das famosas "listas de tigre", perto do pólo sul de Enceladus, lua de Saturno - Crédito: NASA / JPL / Space Science Institute

Durante três passagens em 2008 e 2009, os dados do analisador de poeira cósmica da Cassini mostram que os grãos expulsos de fissuras, conhecidas como "listas de tigre", são relativamente pequenos e predominantemente pobres em sal, longe da lua. Mas mais perto da superfície da lua, Cassini descobriu que predominam nos jactos grãos relativamente grandes e ricos em sódio e potássio. As partículas ricas em sal têm uma composição semelhante à de um oceano e indicam que a maioria, senão todo, do gelo e vapor de água expulsos resultam da evaporação de água salgada líquida, em vez da superfície gelada da lua. As descobertas aparecem na edição desta semana da revista Nature.
Quando a água salgada congela lentamente, o sal é expulso, deixando o gelo de água pura para trás. Assim, se os jactos tivéssem origem no gelo de superfície, deveria haver muito pouco sal neles.
A missão Cassini descobriu os jactos de vapor de água e gelo de Enceladus em 2005. Em 2009, os cientistas, que trabalham com o analisador de poeira cósmica, examinaram alguns sais de sódio encontrados em grãos de gelo no anel E de Saturno, o anel mais externo que recebe o seu material principalmente dos jactos de Enceladus.
Os dados sugerem que existe uma camada de água entre o núcleo rochoso da lua e o seu manto de gelo,  possivelmente a cercca de 80 Km de profundidade.
Os compostos de sal das rochas dissolvem-se na água, que sobe através de fracturas no gelo para formar reservas mais próximo da superfície. Se abrirem fendas na camada mais externa, a diminuição na pressão dessas tais reservas para o espaço provoca o formação de jactos expelidos para fora.
A cada segundo, perde-se cerca de 200 kg de vapor de água nos jactos, com quantidades menores que são perdidas como grãos de gelo.
Segundo os cálculos da equipa de cientistas, os reservatórios de água devem ter grandes superfícies de evaporação, caso contrário congelariam facilmente, parando os jactos.  

Grande parte do hemisfério sul na parte inferior da imagem de Enceladus, lua de Saturno, em 14 de Julho de 2005. Apresenta crateras e fracturas longas na superfície - Crédito: NASA / JPL / Space Science Institute

"Enceladus é uma pequena lua gelada localizada numa região exterior do Sistema Solar, onde não se espera que exista água líquida, devido à sua grande distância do Sol", diz Nicolas Altobelli, cientista do Projeto para a missão Cassini-Huygens, da ESA.
"Esta descoberta é, portanto, uma nova evidência crucial mostrando que as condições ambientais favoráveis ​​para o surgimento da vida podem ser sustentáveis em corpos gelados que orbitam planetas gigantes gasosos".
Fonte: NASA(Cassini) / ESA

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