sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Bactérias e fungos nas pinturas rupestres da gruta de Altamira, em Espanha

Bisonte, pintura rupestre da gruta de Altamira, em Espanha - Fonte: wikipédia

As pinturas rupestres da gruta de Altamira, Património Mundial da Humanidade desde 1985, podem deixar de existir se forem abertas às visitas turísticas. Para sua protecção, elas estão encerradas desde 2002, e assim devem continuar, como concluiu um grupo de cientistas espanhóis, depois do estudo que realizaram no local e cujos resultados estão publicados na revista científica Science.
As pinturas de Altamira, descobertas em 1879, formam o primeiro conjunto pictórico pré-histórico de grande extensão descoberto. A sua espectacular beleza, caracterizada pelo realismo das figuras de animais representadas, permaneceu escondida durante cerca de 15 mil anos, na gruta do municipio de Santillana del Mar, na Cantabria, em Espanha.
No entanto, a abertura da gruta ao público está a provocar a deterioração das pinturas, que correm o risco de desaparecer para sempre.
No seu estudo durante 15 anos, os investigadores demonstraram que a presença do ser humano altera a temperatura, a humidade e até os níveis de dióxido de carbono na gruta. A presença de visitantes aumenta as patículas em suspensão, mas também permite alterações de temperatura. As pessoas movem matéria orgânica para o interior da gruta (como fibras de roupas, células de pele, cabelos, resíduos de alimentos, etc), transportando água, pó, bactérias ou esporos de fungos, o que produz um desequilíbrio na comunidade microbiana original adaptada a este ecossistema.
Os cientistas detectaram colónias brancas, cinzentas e amarelas de bactérias que vivem de matéria orgânica; outras manchas verdes de microorganismos capazes de viver da luz artificial que dantes existia na gruta. Também descobriram microorganismos microscópicos nas pinturas, que podem oxidar os pigmentos.
Para evitar danos irreperáveis nas pinturas paleolíticas, os cientistas recomendam que as condições ambientais da gruta voltem a ser o mais próximas possível das condições que ela tinha antes de ser descoberta. Para isso, a gruta deve continuar encerrada - já se discute a possibilidade de uma nova reabertura - caso contrário, poderá acontecer em Altamira o mesmo que na gruta francesa de Lascaux, também com pinturas rupestres, e que está em piores condições.
A situação de Altamira melhorou bastante a partir do encerramento ao público, que agora pode visitar uma réplica exacta no Museu Altamira.
Fonte: El Mundo

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