quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Telescópio Spitzer detectou uma tempestade de cometas atingindo um sistema estelar próximo

Ilustração de uma tempestade de cometas em torno da estrela Eta Corvi, perto do nosso Sol, detectada pelo telescópio Spitzer. Um cometa gigante atinge um planeta rochoso, atirando gelo e poeira rica em carbono para o espaço, ao mesmo tempo, deixando água e compostos orgânicos na superfície do planeta. Um flash vermelho brilhante capta o momento do impacto sobre o planeta. A estrela branco-amarelada Eta Corvi está à esquerda, com mais cometas movendo-se em direção a ela - Crédito: NASA/JPL-Caltech

O Telescópio Espacial Spitzer da NASA detectou sinais de corpos gelados caindo num sistema solar extraterrestre. Esta "chuva" faz lembrar o nosso próprio Sistema Solar, há vários biliões de anos, durante o período conhecido por "Bombardeamento Pesado Tardio", que pode ter trazido água e outros ingredientes necessários à formação da vida na Terra.
Durante essa época, cometas e outros objetos gelados foram arremessados ​​do exterior do Sistema Solar, bombardeando os planetas interiores. Os projécteis espaciais marcaram a nossa Lua e provocaram grandes quantidades de pó.
Spitzer detectou uma faixa de poeira em torno de uma estrela brilhante próxima, Eta Corvi no hemisfério norte, que corresponde bastante ao conteúdo de um cometa gigante destruído. Essa poeira está localizada suficientemente perto de Eta Corvi para que possam existir mundos semelhantes à Terra, sugerindo que ocorreu uma colisão entre um planeta e um ou mais cometas.
O sistema Eta Corvi tem, aproximadamente, um bilião de anos, que os pesquisadores consideram ser a idade certa para uma tal "chuva de gelo".
"Acreditamos que temos evidência directa de um "bombardeamento pesado tardio" em curso no vizinho sitema Eta Corvi, que está a ocorrer quase na mesmo altura que aconteceu no nosso Sistema Solar", disse Carey Lisse, pesquisador no Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory, em Laurel , Maryland, e principal autor de um artigo com os resultados do estudo que serão publicados no Astrophysical Journal.
Os astrónomos analisaram a luz vinda da poeira em torno de Eta Corvi, utilizando os detectores infravermelhos do Spitzer, tendo identificado impressões químicas de gelo de água, compostos orgânicos e rocha, que indicam terem origem num cometa gigante.
No entanto, os cientistas consideram que a assinatura da luz emitida pela poeira em torno de Eta Corvi lembra o meteorito Almahata Sitta, que caíu na Terra em fragmentos em todo o Sudão, em 2008. A semelhança entre o meteorito e o objecto destruído em Eta Corvi implica um lugar de nascimento comum nos respectivos Sistemas Solares.
O sistema Eta Corvi possui um segundo anel mais massivo e brilhante de poeira fria, localizado na sua borda mais distante, que os cientists consideram adequado para um reservatório de corpos do tipo cometas. O nosso Sistema Solar também tem uma região semelhante, conhecida como Cintura de Kuiper, com restos de gelo e rochas da formação de planetas. Deste modo, os novos dados do Spitzer sugerem que o meteorito Almahata Sitta teve origem na nossa própria Cintura de Kuiper.
A Cintura de Kuiper continha um número muito maior desses corpos congelados, designados por "objetos da Cintura de Kuiper"(KBO). Há cerca de 4 biliões de anos, cerca de 600 milhões de anos depois de se formar o nosso Sistema Solar, os cientistas pensam que a Cintura de Kuiper foi perturbada por uma migração dos planetas gigantes gasosos Júpiter e Saturno. Esta alteração do equilíbrio gravitacional do Sistema Solar dispersou os corpos gelados na Cintura de Kuiper, atirando a grande maioria para o espaço interestelar e produzindo poeira fria no cinturão.
Alguns objectos da Cintura de Kuiper, no entanto, cruzaram-se com as órbitas dos planetas interiores, que foram atingidos. O bombardeamento de cometas resultante durou até 3,8 biliões de anos. Os impactos dos cometas na face da Lua voltada para a Terra provocaram a saída de magma que, depois de arrefecido, formou os "mares" da superfície lunar que, vistos da Terra, formam a face do conhecido "Homem da Lua".

Ilustração da Lua durante o Bombardeamento Pesado Tardio e hoje - Crédito: Tim Wetherell - Australian National University/wikipédia

Os cometas também atingiram a Terra ou queimaram-se na atmosfera. Pensa-se que eles depositaram água e carbono no nosso planeta. Foi um período catastrófico que pode ter ajudado a formar a vida, fornecendo os ingredientes essenciais.
De acordo com o cientista Lisse, o sistema Eta Corvi deve ser estudado em pormenor para que se possa conhecer melhor a chuva de impactos de cometas e outros objectos que podem ter começado a vida no nosso próprio planeta.
Fonte: NASA

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