terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Descoberto primeiro fóssil de ave com dentes adaptados para alimentos duros

Ilustração da ave Sulcavis geeorum em voo - Crédito: Stephanie Abramowicz

Enquanto as aves actuais possuem bico para se alimentarem, órgãos com proporções e formas variadas - reflectindo a diversidade de habitats -, os seus antepassados fósseis apresentavam dentes. Agora foi descoberto um novo fóssil que mostra que algumas aves fósseis evoluíram desenvolvendo dentes adaptados a dietas especializadas.
Um estudo dos dentes de uma nova espécie de ave primitiva, Sulcavis geeorum, publicado na última edição do Journal of Vertebrate Paleontology, sugere esta ave fóssil tinha os dentes capazes de comer presas com exoesqueletos duros, como insectos ou caranguejos.
Os investigadores acreditam que os dentes do novo exemplar fazem aumentar bastante a diversidade conhecida de formas de dentes das aves primitivas, revelando uma diversidade ecológica anterior não reconhecida.
Sulcavis geeorum é uma ave Enantiornithes, do Cretáceo Inferior (121-125 milhões de anos) da província de Liaoning, na China. Enantiornithes constituía um grupo primitivo (já extinto) de aves, as mais numerosas do Mesozóico (o tempo dos dinossauros). Sulcavis é a primeira descoberta de uma ave com dentes ornamentados de esmalte.
Os dinossauros - dos quais evoluíram as aves - na sua maioria apresentam dentes carnívoros com características especiais para comer carne. Os Enantiornithes são únicos entre as aves mostrando uma redução mínima dos dentes e uma diversidade de padrões dentários.

Fotografia do crânio de Sulcavis geeorum, uma ave fóssil do Cretáceo Inferior (há 120 milhões de anos), da província de Liaoning, na China, com barra de escala em milímetros - Crédito: Stephanie Abramowicz

Este novo Enantiornithes tem dentes robustos, com ranhuras na superfície interior, o que tornou provavelmente os dentes mais resistentes para alimentos mais difíceis. Nenhuma espécie de aves anteriores preservou sulcos, estrias, bordas serrilhadas, ou qualquer outra forma de ornamentação dental.
"Ainda não entendo por que tendo sido tão bem sucedidos no Cretáceo, os Enantiornithes desapareceram depois. Talvez diferenças na dieta tenham ajudado" diz Jingmai O'Connor, principal autor do novo estudo.
"Este estudo destaca mais uma vez como era desigual a diversidade de aves durante o Cretáceo. Havia muitos mais Enantiornithes do que qualquer outro grupo de aves primitivo, cada um com a sua especialização anatómica própria." diz Luis Chiappe, co-autor do estudo, do Museu de História Natural, Los Angeles County.
Fonte: Comunicado da SOCIETY OF VERTEBRATE PALEONTOLOGY via EurekAlert

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