sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Boas notícias para os abutres ameaçados da Índia

Abutre-indiano-de-dorso-branco (Gyps bengalensis), uma das aves mais ameaçadas do Sul da Ásia. Os necrófagos alimentam-se de carcaças, um serviço muito útil numa região onde abundam as vacas sagradas - Crédito imagem: wikipédia

Os abutres, com uma envergadura que pode chegar aos dois metros, prosperaram no Sul da Ásia. São aves necrófagas e desempenham um papel importante na limpeza dos ecossistemas, pois alimentam-se de animais mortos ou em decomposição, que constituem um perigo para a saúde.
Mas, em meados da década de 1990, as populações de abutres da Índia, e países vizinhos, sofreram reduções catastróficas, caindo para menos de 1 por cento do que eram há algumas décadas, resultando numa quantidade enorme de carcaças de gado não comidas e um aumento no número de ratos, cães selvagens e casos de raiva humana por mordidas de cão.
Três espécies de abutres indianos ficaram à beira da extinção: o abutre-indiano-de-dorso-branco (Gyps bengalensis), o abutre-de-bico-longo (Gyps indicus) e o abutre-de-bico-estreito (Gyps tenuirostris).
Descobriu-se que as aves estavam a ingerir uma droga anti-inflamatória veterinária - diclofenaco - quando comiam o gado morto. Os agricultores usavam o produto para tratar o gado e foi considerado o principal causador do declínio dos abutres.
De acordo com um artigo publicado na revista Science, esta quinta-feira (7 de Fevereiro), ainda pode haver esperança para estes animais. O seu declínio desacelerou, parou ou mesmo reverteu em algumas áreas do subcontinente indiano.
Por fim, cientistas e políticos tentam resolver o acidental, mas catastrófico envenenamento dos abutres da região pelo uso generalizado de uma droga veterinária.
Em 2006, depois de se conhecer o efeito mortal do diclofenaco nos abutres, os governos da Índia, Paquistão e Nepal proibiram o uso da droga para o gado, seguindo-se o Bangladesh, em 2010.
Em muitas áreas, os números de abutres estabilizaram, e aumentaram noutras. Na Índia, as três espécies de abutres criticamente ameaçadas não declinaram entre 2007 e 2011, e a espécie abutre-indiano-de-dorso-branco pode ter aumentado ligeiramente, de acordo com o artigo.
Para ajudar estes necrófagos, os ambientalistas estabeleceram zonas de segurança para abutres, onde são alimentados com carcaças livres de diclofenaco. Além disso, existem também várias colónias de reprodução em cativeiro bem sucedidas, com populações de abutres que poderão ser reintroduzidas no meio natural, quando for possível.
"A conservação pode funcionar, mesmo em circunstâncias extremamente desafiantes - neste caso, uma ameaça indescritível e difusa abrangendo um subcontinente inteiro - desde que haja vontade política, pesquisa cuidadosamente orientada e vontade de trabalhar juntos", disse Andrew Balmford, pesquisador de Cambridge e autor do artigo publicado.
Fonte: ourAmazingplanet

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