quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tartarugas-de-couro do Pacífico correm o risco de extinguir-se em duas décadas

Tartaruga-de-couro construindo o ninho na areia - Crédito: wikipédia

A tartaruga-de-couro, (Dermochelys coriacea), é a maior de todas as tartarugas vivas, e pode ser encontrada em todos os oceanos do mundo. É a única tartaruga que pode atingir um tamanho médio à volta de 2 m de comprimento por 1,5 m de largura, podendo pesar até meia tonelada ou mais.
Desde 1980 as suas populações sofreram um enorme declínio e actualmente a espécie é considerada criticamente em perigo.
Embora as populações do Atlântico tenham aumentado nos últimos anos, a população de tartaruga-de-couro do Pacífico caiu mais de 95 por cento, desde 1980. A espécie foi listada como ameaçada nos Estados Unidos, em 1970.
No Oceano Pacífico, a maior parte das tartarugas-de-couro, pelo menos 75 por cento, colocam os seus ovos nas praias da Península Bird's Head, na Papua Ocidental, Indonésia. Um novo estudo, publicado no jornal Ecospheres, esta terça-feira (27 de Fevereiro), descobriu que o número de ninhos de tartaruga-de-couro nas praias da península caiu 78 por cento entre 1984 e 2011.
Segundo o biólogo Wibbels Thane, da Universidade de Alabama, em Birmingham (UAB), "se a queda continuar, dentro de 20 anos, será difícil, se não impossível para a tartaruga-de-couro evitar a extinção". Se o número de indivíduos for muito pequeno, a espécie não pode recuperar.
Os resultados do estudo mostram que, na praia Jamursba Med, da Península Bird's Head, os ninhos caíram de 14.455 em 1984 para um mínimo de 1.532 em 2011. Como as tartarugas fêmeas nidificam várias vezes ao ano, os pesquisadores estimam que devem permanecer 489 fêmeas reprodutoras de tartaruga-de-couro na população do Pacífico Ocidental. Eles estimam que, no geral, a população total de tartarugas caiu 5,9 por cento cada ano, desde 1984.
De acordo com o autor do estudo, Ricardo Tapilatu, da UAB, a principal causa do desaparecimento desta espécie é conhecida: o ser humano. Antes da prática ser proibida em 1993, os indonésios recolhiam milhares de ovos das tartarugas-de-couro nas praias da Península Bird's Head. Além disso, também são destruídos por cães e porcos.
No oceano, as tartarugas frequentemente são apanhadas e morrem, embora de forma não intencional, durante a pesca de outras espécies. Nas suas longas migrações entre a zona de nidificação, na Indonésia, e as áreas de alimentação na costa americana, elas atravessam várias zonas de pesca, onde as redes muitas vezes são fatais.
Além disso, os fenómenos climáticos El Niño/La Niña provocam alterações ambientais que podem estar a afectar as tartarugas-de-couro, reduzindo as suas fontes de alimento, principalmente águas-vivas.
Num esforço para a conservação das tartarugas, as praias indonésias de Bird's Head são patrulhadas por moradores locais para proteger os ninhos e os ovos dos predadores, e recolocando os ovos em areias mais frias - a temperatura da areia influencia o sexo das crias; areia fria significa mais tartarugas macho.
No entanto, os especialistas dizem que a protecção das praias não é suficiente. As tartarugas viajam cerca de 11.000 quilómetros, atravessando pelo menos 20 países. É urgente um esforço internacional na preservação desta espécie.
Em Fevereiro de 2012, os Estados Unidos protegeram cerca de 108.800 quilómetros quadrados do Oceano Pacífico, ao largo da Califórnia, Oregon e Washington, uma área considerada como habitat crítico para as tartarugas.
A tartaruga-de-couro também nidifica nas costa brasileira. Veja um vídeo aqui
Fonte: ourAmazingplanet

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